O Garimpeiro
(Tipo popular nas Regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste)


A denominação - garimpeiro - veio de um vocábbulo pejorativo - Grimpeiro.
Os grimpeiros subiam as grimpas no passado, fugindo ao fisco. Eram os grimpeiros, mais tarde garimpeiros. O nome hoje não tem mais o sentido pejorativo. É o nome de homens arrojados que lutam na extração de pedras preciosas, ou de ouro, nos terrenos de aluvião ou quebrando cascalhos para a busca de metais preciosos.

O garimpeiro muda a fisionomia da paisagem em que trabalha, por causa dos desmontes. A técnica extrativa ainda é muito primária. Muitos garimpeiros são explorados. Pagam taxas altas. Quando não tem ferramentas nem capital recorrem ao meia-praça, pessoa que financia e fica com 50% do que é encontrado. Existe também o sistema de sujeição: picuá-preso, a pessoa que faz o empréstimo tem o direito da "primeira vista", de escolher o que quiser e pagar o preço que impuser.

Faiscação: é o termo usado na procura de ouro nos cursos d'água ou nas areias que faiscam à luz do sol, nos bicames (calhas) de madeira, que trazem na água as areias auríferas para os decantadores.
Os instrumentos usados são: batéias, pás, bicames, peneiras, canoas pequenas, agitadores, etc.

Amazônia
Serra Pelada
A mineração causa calamidades ambientais e sociais na Amazônia como aconteceu, no passado, em outros centros de mineração na região Sudeste, no início da colonização, e, em seguida, na região Centro-Oeste.
Estima-se que meio milhão de pessoas estejam garimpando na Amazônia à procura de ouro. Eles tornaram o Brasil o quinto maior produtor desse metal. Em 1988, as companhias de mineração e os exploradores autônomos levaram cerca de 83 toneladas de ouro da floresta. Entrando agora em sua segunda década, a corrida do ouro no Brasil está acelerando, alimentada pela recessão e pelo desemprego. 
(Veja foto ao lado da Serra Pelada: clique para vê-la em tamanho maior)
No total, cerca de cinco milhões de pessoas estão envolvidas na economia da corrida do ouro. E os garimpeiros trouxeram grande parte do que há de pior da civilização consigo.
O mercúrio é utilizado para extrair ouro da lama do rio, a despeito de leis que proíbem tal uso, resultando no envenenamento das comunidades ribeirinhas. O garimpo de ouro na Amazônia foi também responsável por 12 por cento do mercúrio liberado na atmosfera em 1988.
(A Luta pela Amazônia / Sting e Jean-Pierre Dutilleux. - Porto Alegre: L&PM Editores, 1989.)
Foto: Cytrynowicz/Abril Press
Serra Pelada, 1981
 
O Projeto Grande Carajás ("Carajazão")
Imenso e voltado para a exportação, associa capitais estatais, privados nacionais e estrangeiros numa área de 895 mil km2 (10,5% do território nacional) na Amazônia Oriental. Acha-se aí talvez a maior província mineral do planeta: 18 bilhões de tons. do minério do ferro mais puro do mundo (66%); 4,8 bilhões de tons. de bauxita de alto teor (35%), 88% das reservas nacionais e 15% das mundiais; 70 milhões de tons. de manganês (43% de pureza); 2 bilhões de tons. de minério de cobre (83% das reservas nacionais), associado a ouro, prata e molibdênio; 100 milhões de tons. de cassiterita com teor de 60% de estanho; jazidas de níquel, zinco, tungstênio, caulim, cromo; e ainda o ouro, explorado em garimpos, dos quais o mais célebre, Serra Pelada, chega a ocupar 25 mil homens. A área tem muita madeira de lei e potencial agrícola. Pelo projeto, o estado faz o investimento em infra-estrutura (US$ 6 bilhões, financiados por créditos externos): Ferrovia Carajás-S. Luís (890 km); portos de Barcarena (PA) e Itaqui (MA); e a hidrelétrica de Tucuruí (4 mil mw) para fornecer energia subsidiada à usina de alumínio da Alcoa em S. Luís. A mineração toca a associações de capitais do Japão e EUA com a Cia. do Vale do Rio Doce, estatal (até 5/5/1997).
Foto: Hélio Campos Mello,  da revista "IstoÉ": Serra Pelada, 1981

 
Fotos: Nair Benedicto/N Imagens; André Dusek

Os anos entre 1982 e 1990 foram os mais desastrosos para os Yanomami. Mais de 40 mil garimpeiros invadiram a área indígena com potentes maquinários de extração mineral, poluindo os rios com mercúrio, abrindo pistas de pouso clandestinas na mata. 
Os Yanomami foram as grandes vítimas, atingidos pela fome, por epidemias ou assassinatos, como no massacre de Haximu.
(Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia e Eduardo Hoornaert. – São Paulo: FTD, 2000.)

Um novo surto de invasões está acontecendo na área indígena dos Yanomami e, nas últimas duas semanas, já chegaram a 20 mil os garimpeiros ilegalmente instalados na região.
(ISTOÉ Senhor/1008, pág. 45, 11/1/89).
 



Brasil, Histórias, Costumes e Lendas / Alceu Maynard Araújo - São Paulo: Editora Três, 2000
Ilustrações de José Lanzellotti escaneadas do livro: Brasil, Histórias, Costumes e Lendas.
A Luta pela Amazônia / Sting e Jean-Pierre Dutilleux. - Porto Alegre: L&PM Editores, 1989.
Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia e Eduardo Hoornaert. – São Paulo: FTD, 2000.
ISTOÉ Senhor/1008, pág. 45, 11/1/89
Fotos: Cytrynowicz/Abril Press; Nair Benedicto/N Imagens; André Dusek.
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