Os Portugueses e Bandeirantes


Separado do Brasil português pela linha imaginária do Tratado das Tordesilhas, que tornava espanholas as terras situadas “370 léguas a oeste de Cabo Verde”, o Sul só começou a ser colonizado na segunda metade do século XVII. Antes disso, as únicas presenças brancas na região eram os bandeirantes paulistas, brutais caçadores de riquezas e de índios que nada tinham a ver com a imagem glamurizada que hoje se faz deles. 
Eram geralmente mamelucos sanguinários, que falavam melhor o tupi que o português, andavam descalços e não hesitavam em queimar aldeias inteiras, matando mulheres, crianças e velhos.
Com suas incursões pelas sendas do planalto paranaense, litoral de Santa Catarina e interior do Rio Grande do Sul, submeteram tantos nativos que transformaram São Paulo num dos maiores centros de escravagismo indígena de todo o continente. Calcula-se que pelo menos 500 mil índios tenham sido escravizados ou mortos nas primeiras três décadas do século XVII.
 
 Na cidade catarinense de Laguna, um monumento marca o local por onde passava a linha determinada pelo Tratado das Tordesilhas, que dividia o continente americano entre Portugal e Espanha. Foto: Iolita Cunha 

A partir de 1640, os portugueses começaram a demonstrar interesse real em colonizar a região, com o objetivo de empurrar a fronteira com a Espanha até as margens do Rio Prata. Manoel Lourenço de Andrade refundou São Francisco em 1658, Francisco Dias Velho estabeleceu-se na Ilha de Santa Catarina em 1673 e Domingos de Brito Peixoto fundou Laguna em 1676. Eram as primeiras povoações colonizadoras do Sul, criadas com o objetivo de dar sustentação logística aos planos de expansão da Coroa Portuguesa representados pela instalação, em 1680, da Colônia de Sacramento, às margens do Rio Prata, em pleno território espanhol.
 

Texto de Rogério Monteiro


Um Brasil Diferente / Rogério Monteiro in Revista Mares do Sul, N.º 31, 39-40, Santa Catarina: Editora Mares do Sul.,abril/maio de 2000.

 
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