Os Italianos no Sul


Os italianos começaram a Chegar no final do século XIX, atraídos pela possibilidade de ocupar o mercado de trabalho aberto com a abolição da escravatura e fugindo do desemprego causado na Itália pela revolução industrial. Assim como os alemães, foram atraídos por promessas que nunca foram cumpridas e jogados em regiões selvagens e pouco produtivas. Apesar disso, construíram seu futuro e tornaram-se parte integrante do cenário e das tradições do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
 
O primeiro povoado fundado por imigrantes italianos no agreste Campos dos Bugres foi reconstruído como atração turística de Caxias do Sul.
Foto: Iolita Cunha 

No Rio Grande do Sul, foram assentados 84 mil imigrantes entre 1874 e o final do século XIX, a maioria vinda da Lombardia, do Vêneto e do Tirol. Com os alemães ocupando as áreas planas e férteis dos vales dos rios Caí e Sinos, aos italianos foram destinadas 32 léguas de “terras devolutas”, localizadas na acidental encosta da serra, região selvagem e de difícil acesso. As primeiras colônias foram chamadas de Conde D’Eu, Dona Isabel e Campo dos Bugres, que deram origem respectivamente a Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul. A imigração tinha como principais objetivos o povoamento das terras para contrabalançar o poder dos estancieiros-militares, diversificar a economia e “branquear” a população da província, processo iniciado com a imigração alemã.
A maior corrente imigratória recebida por Santa Catarina foi composta por italianos, que vieram do norte da Itália no final do século XIX fugindo da pobreza e se estabeleceram principalmente no sul do estado. Hoje seus descendentes representam quase metade da população catarinense e ocupam posição de destaque na economia através da vinicultura e da produção de grãos, queijos e embutidos. O turismo rural encontra terreno fértil na região de Criciúma, Urussanga e Orleans, onde antigos casarões coloniais e cantinas típicas dividem a atenção com obras de arte como o Paredão do Zé Diabo e o Museu ao Ar Livre, que retrata a vida dos primeiros imigrantes.
 

O cultivo da uva e a fabricação do vinho são atividades fundamentais para a colônia italiana estabelecida no sul de Santa Catarina.
Fernando Della Bruna, de Pedras Grandes, é um 
típico representante da principal corrente migratória recebida pelo estado.
Foto: Catarina Rüdiger

Os italianos que se destinavam ao Paraná desembarcaram no Porto de Paranaguá em 1878, com intenção de radicar-se no litoral. Mas o calor excessivo e a pobreza da terra fizeram com que subissem a serra e instalassem duas colônias em Curitiba, uma no bairro de Água Verde e outra em Santa Felicidade. Localizada na antiga Estrada do Cerne, passagem obrigatória para os carregamentos que cruzavam o estado com destino ao Porto de Paranaguá, Santa Felicidade virou ponto de parada de caminhoneiros, e hoje é um dos maiores centros gastronômicos do país, com dezenas de restaurantes servindo principalmente, é claro, pratos da culinária italiana. Os italianos de Santa Felicidade também preservam outros costumes herdados de seus antepassados, como o cultivo da uva, a fabricação do vinho e do artesanato em vime.

Texto de Rogério Monteiro


Um Brasil Diferente / Rogério Monteiro in Revista Mares do Sul, N.º 31, 47-49, Santa Catarina: Editora Mares do Sul.,abril/maio de 2000.

 
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