Na parte meridional do Rio Grande do Sul, acentuando-se mais no lado ocidental do Estado, a partir da margem esquerda do rio Ibicuí, e penetrando pelas fronteiras do Uruguai e da Argentina, estende-se o pampa - planície única em todo o país, na sua conformação. Ai, nessa região sem horizonte, ampla, escancarada para o verde sem fim, vive um dos tipos mais característicos do Brasil - o gaúcho. E em plena campanha ou junto à fronteira que ele surge com seus costumes, seus hábitos, sua psicologia. Seu universo é a estancia, seja ele dono, administrador ou mero peão. Simples, independente, livre, ele também se apresenta alegre e exuberante, principalmente se se trata de um baile ou de uma vaquejada (quando o peão laça um novilho em disparada), ocasiões em que ele pode demonstrar suas habilidades de dançarino ou de cavaleiro. Trajando-se de modo característico e trazendo sempre consigo o chicote e a faca - seu principal instrumento de trabalho -, o gaúcho constitui o tipo peculiar do pampa. Costumamos chamar de gaúcho a todo aquele que nasce no Rio Grande do Sul, talvez porque o nome traga em si uma beleza e dimensão tais que todos desejem tê-lo. Na realidade, gaúcho é de fato e de direito esse alegre senhor do pampa, o homem do churrasco e do chimarrão, da faca e do revólver, do laço e da boleadeira, do poncho e da bombacha.

Texto de Antônio Callado de Paiva

Revista Geográfica Universal – VASP – Bloch Editores S.A. – abril de 1979

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Vaquejada: Modalidade esportiva e popular praticada sobretudo na região Nordeste brasileira, em que dois vaqueiros a cavalo devem derrubar um boi, dentro dos limites de uma demarcação a cal, puxando-o pelo rabo. Vence a dupla que obtiver maior número de pontos.

Churrasco: Porção de carne ou pequeno animal, sem tempero, assados geralmente ao calor da brasa em espeto ou sobre grelha.

Chimarrão: Bebida típica do Sul do brasil, feita de mate (infusão das folhas secas, torradas e pulverizadas da erva mate) amargo, isto é, sem adoçante, servido quente e em uma cuia, ou porongo, e sorvido por um canudo de metal, a bomba.
O chimarrão, inseparável da figura do gaúcho, é muito popular no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, bem como Paraguai, Uruguai e Argentina. Presença muito forte no cotidiano dessas regiões, é usado como saudação, como expressão de cordialidade, de entendimento, concórdia, etc. Quando bebida em grupo, usa-se a mesma cuia para todos os presentes da roda.

Boleadeira: Apetrecho que os gaúchos usam para capturar o animal em campo aberto. Cosiste em três bolas de pedra ou de ferro, envolvidas num couro espesso, ligadas por meio de cordas tembém de couro, denomidas soga das boleadeiras. Duas das bolas são de tamanho igual. A terceira, menor, chamada manicla ou manica, é a que o boleador empunha para manejar o conjunto.

Poncho: Capa grossa constituída de um retângulo de fazenda, em cujo centro há uma abertura por onde se enfia a cabeça. Originalmente usado por índios da  América do Sul, o poncho é uma indumentária característica do Sul do Brasil, especialmente do gaúcho.

Bombachas: Calças muito largas em toda a perna, salvo no tornozelo, onde são presas por botões, típicas, sobretudo, do vestuário regional gaúcho.

Guampa: Utensílio feito de chifre, é usada pelo vaqueiro para carregar bebida ou pegar água no arroio. Algumas delas chegam a ter uma corrente comprida que permite ao cavaleiro apanhar o líquido sem descer do cavalo.

Rancheira: Dança popular, de compasso ternário, originária da Argentina, comum no Rio Grande do Sul e mais tarde divulgada nos salões.
 

Agradeço à Luiz Minduim Vasconcellos, de Pelotas RS,  pelo desenho da "cuia" - www.churrasco.com.br

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Revista Geográfica Universal - Edição especial VASP - Bloch Editores S.A. - abril de 1979
Sociedade e Cultural - Enciclopédia Compacta Brasil - Larousse Cultural - Nova Cultural - 1995
Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa - Folha de S. Paulo - Editora Nova Fronteira - 1995
Fotos de Juvenil de Souza