A primeira capela oficial, erguida no local denominado Morro dos Coqueiros, foi inaugurada em 1745. A devoção se espalhou com as constantes romarias, e a capela, várias vezes reformada e aumentada, foi substituída por outra, de grande valor arquitetônico por ser representante da transição do Barroco para o Neoclássico, em 1888. Pouco tempo depois (1894) chegaram os missionários bávaros da Congregação do Santíssimo Redentor – os padres redentoristas -, chamados para exercer a direção e assistência espiritual do santuário episcopal. Elevada a basílica menor pelo Papa Pio X (1903-1914), a capela, hoje conhecida como Basílica Velha, foi tombada pelo Patrimônio Histórico em 1982.
Em decorrência do movimento crescente das romarias, em 1955 começou a ser construído, num vasto terreno ao lado do Morro dos Coqueiros, um outro templo, conhecido como Basílica Nova, transformado em catedral e sagrado pelo papa João Paulo II em 1980, em sua visita a Aparecida.
O complexo arquitetônico é um dos maiores existentes, com infra-estrutura completa para sediar os grandes acontecimentos da Igreja Católica do Brasil: tem 23 mil metros quadrados de área construída e recebe aproximadamente 6 milhões de visitantes por ano, uma média de 100 mil por semana (1990).
A imagem, trasladada para o novo santuário em 1982, é moldada em barro paulista cozido, mede apenas 36cm de altura e pesa 2,550kg. Pertence à imaginária seiscentista e foi esculpida por frei Agostinho da Jesus, discípulo de frei Agostinho da Piedade. Encontrada despida de suas cores originais (vermelho e azul), adquiriu a cor escura (castanho-brilhante) que hoje conserva, por ter ficado muitos anos submersa no lodo das águas e exposta à fumaça dos candeeiros e velas. Esta cor tornou-se símbolo de libertação dos escravos, humildes e injustiçados.
Coroada oficialmente em 8 de setembro de 1904 e solenemente proclamada rainha e padroeira do Brasil em 31 de maio de 1931, Nossa Senhora Aparecida é comemorada em várias festas no decorrer do ano, mas sua data oficial, fixada em 1954, é 12 de outubro.
A História da descoberta da imagem de Nossa Senhora Aparecida
Como de costume, os pescadores: João Alves, Domingos Martins Garcia e Felipe Pedroso acordaram de madrugada e rumaram ao trabalho, no Rio Paraíba do Sul, na região de Guaratinguetá, Estado de São Paulo.
Os três amigos estavam desanimados porque há muito tempo não conseguiam uma pesca satisfatória e preocupados com a intimação da Câmara local, que exigia que os pescadores fornecessem uma boa quantidade de peixes para a realização de um banquete ao Conde de Assumar, governador da Capitania de São Paulo, que estaria de visita em Guaratinguetá nos próximos dias.
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Naquela manhã, João em mais uma tentativa, lançou sua rede nas águas do Rio Paraíba e nada. Decepcionado, joga-a novamente e traz o corpo de uma imagem totalmente enlameada. Olha para seus companheiros e em um gesto enigmático arremessa a rede em direção ao rio. Dessa vez, trouxe a cabeça da imagem da virgem, enegrecida pelas águas do rio. Com cuidado, colocou as duas partes em um lugar seguro do barco e voltou a arremessar a rede. Ao puxá-la teve que chamar seus amigos para que o ajudassem, porque o peso havia triplicado. Surpreendidos, pousaram dentro do barco, dezenas de peixes. Entreolharam-se embevecidos de emoção. Mudos, estenderam a rede no rio, duas, três, não se sabe exatamente a quantidade de vezes, mas em nenhuma delas se desiludiram, porque os peixes tornaram-se abundantes. Tanto que retornaram com o barco ao ancoradouro com receio de virarem devido à quantidade de peixes obtido naquela abençoada pescaria.
Para os três, mais precioso do que a fartura de peixes, fora a imagem encontrada, que por um milagre, transformou suas vidas. Dali por diante, nascera a devoção a Virgem, a Aparecida das águas. Durante 15 anos, a imagem da Virgem ficou na casa do pescador Felipe. Lá se reuniam os devotos para rezar e pedir graças e proteção.
Sociedade e Cultura – Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1995.
Maria Mãe / Sonia Cunha e Paulo Latacz, fotos de Helio Nório e Jurandir P. Neves - São Paulo: Editora Escala Ltda.
Santuário: foto de Sergio Berezovsky, publicada no Atlas Universal Interativo - Coleção Recreio - Ed. Abril S.A.