Santuário de Nossa Senhora Aparecida

Localizado em Aparecida (SP), arquidiocese do mesmo nome e um dos maiores centros de peregrinação do mundo. Ali, em outubro de 1717, três pescadores encontraram, no rio Paraíba do Sul (porto de Itaguaçu), vale do Paraíba, a imagem partida de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, que logo começou a ser venerada como milagrosa.
Invocada pelos devotos como “Aparecida”, a imagem peregrinou 15 anos pelas casas de pescadores antes de ter seu primeiro oratório, em 1732.

A primeira capela oficial, erguida no local denominado Morro dos Coqueiros, foi inaugurada em 1745. A devoção se espalhou com as constantes romarias, e a capela, várias vezes reformada e aumentada, foi substituída por outra, de grande valor arquitetônico por ser representante da transição do Barroco para o Neoclássico, em 1888. Pouco tempo depois (1894) chegaram os missionários bávaros da Congregação do Santíssimo Redentor – os padres redentoristas -, chamados para exercer a direção e assistência espiritual do santuário episcopal. Elevada a basílica menor pelo Papa Pio X (1903-1914), a capela, hoje conhecida como Basílica Velha, foi tombada pelo Patrimônio Histórico em 1982.
Em decorrência do movimento crescente das romarias, em 1955 começou a ser construído, num vasto terreno ao lado do Morro dos Coqueiros, um outro templo, conhecido como Basílica Nova, transformado em catedral e sagrado pelo papa João Paulo II em 1980, em sua visita a Aparecida.
O complexo arquitetônico é um dos maiores existentes, com infra-estrutura completa para sediar os grandes acontecimentos da Igreja Católica do Brasil: tem 23 mil metros quadrados de área construída e recebe aproximadamente 6 milhões de visitantes por ano, uma média de 100 mil por semana (1990).
A imagem, trasladada para o novo santuário em 1982, é moldada em barro paulista cozido, mede apenas 36cm de altura e pesa 2,550kg. Pertence à imaginária seiscentista e foi esculpida por frei Agostinho da Jesus, discípulo de frei Agostinho da Piedade. Encontrada despida de suas cores originais (vermelho e azul), adquiriu a cor escura (castanho-brilhante) que hoje conserva, por ter ficado muitos anos submersa no lodo das águas e exposta à fumaça dos candeeiros e velas. Esta cor tornou-se símbolo de libertação dos escravos, humildes e injustiçados.
Coroada oficialmente em 8 de setembro de 1904 e solenemente proclamada rainha e padroeira do Brasil em 31 de maio de 1931, Nossa Senhora Aparecida é comemorada em várias festas no decorrer do ano, mas sua data oficial, fixada em 1954, é 12 de outubro.
 
 

A História da descoberta da imagem de Nossa Senhora Aparecida

Como de costume, os pescadores: João Alves, Domingos Martins Garcia e Felipe Pedroso acordaram de madrugada e rumaram ao trabalho, no Rio Paraíba do Sul, na região de Guaratinguetá, Estado de São Paulo.
Os três amigos estavam desanimados porque há muito tempo não conseguiam uma pesca satisfatória e preocupados com a intimação da Câmara local, que exigia que os pescadores fornecessem uma boa quantidade de peixes para a realização de um banquete ao Conde de Assumar, governador da Capitania de São Paulo, que estaria de visita em Guaratinguetá nos próximos dias.

Naquela manhã, João em mais uma tentativa, lançou sua rede nas águas do Rio Paraíba e nada. Decepcionado, joga-a novamente e traz o corpo de uma imagem totalmente enlameada. Olha para seus companheiros e em um gesto enigmático arremessa a rede em direção ao rio. Dessa vez, trouxe a cabeça da imagem da virgem, enegrecida pelas águas do rio. Com cuidado, colocou as duas partes em um lugar seguro do barco e voltou a arremessar a rede. Ao puxá-la teve que chamar seus amigos para que o ajudassem, porque o peso havia triplicado. Surpreendidos, pousaram dentro do barco, dezenas de peixes. Entreolharam-se embevecidos de emoção. Mudos, estenderam a rede no rio, duas, três, não se sabe exatamente a quantidade de vezes, mas em nenhuma delas se desiludiram, porque os peixes tornaram-se abundantes. Tanto que retornaram com o barco ao ancoradouro com receio de virarem devido à quantidade de peixes obtido naquela abençoada pescaria.
Para os três, mais precioso do que a fartura de peixes, fora a imagem encontrada, que por um milagre, transformou suas vidas. Dali por diante, nascera a devoção a Virgem, a Aparecida das águas. Durante 15 anos, a imagem da Virgem ficou na casa do pescador Felipe. Lá se reuniam os devotos para rezar e pedir graças e proteção.



Sociedade e Cultura – Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1995.
Maria Mãe / Sonia Cunha e Paulo Latacz, fotos de Helio Nório e Jurandir P. Neves - São Paulo: Editora Escala Ltda.
Santuário: foto de Sergio Berezovsky, publicada no Atlas Universal Interativo - Coleção Recreio - Ed. Abril S.A.
 
 
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