NAU CATARINETA
A Nau Catarineta é um episódio épico que lembra a Odisséia. É uma ode romanceada que pelo fascínio do seu enredo dramático e pelos mirabolantes efeitos pictóricos da coreografia, se transforma em um bailado. A história desenvolve-se a bordo de um navio que parte do Recife para Lisboa, na época das conquistas marítimas (1565), e que depois de cruentos combates e lutas dolorosas, chega, afinal, a um porto seguro.

Indumentária: característica de navegadores.

Coreografia: O auto da Nau Catarineta divide-se em três partes:

1.ª parte: Surge um navio sobre rodas, arrastado pelos marujos. Formam-se em filas, de braços dados, e balançam o corpo, como se estivessem a bordo. O Comandante da nau avista o emissário do navio dos mouros, que lhe traz intimação para que se renda. Recusa-se. Travam-se combate entre os dois navios. Vencem os cristãos e exigem que o filho do Sultão se converta ao Catolicismo, sob pena de morte. Ele, para não morrer, concorda em mudar de religião. Eis que chega o sultão e desespera-se ao saber que o filho se converteu. Amaldiçoa-o e suicida-se em seguida. Seu corpo é atirado ao mar.

2.ª parte: Esgotam-se os víveres da Nau Catarineta e grassa a fome entre a tripulação. O Capitão resolve tirar a sorte para decidir quem deverá ser comido, e o seu próprio nome é sorteado.  Preparam-se para a execução e o Capitão manda o gajeiro, (que é o diabo, em figura de gente), ver se avista terra. O gajeiro galga o mastro, mas da primeira vez só avista sete espadas para matar o seu superior; este insiste, e finalmente o gajeiro informa:

                          "Já vejo terras de Espanha,
                                     Areias de Portugal!
                           Também vejo três meninas
                           Debaixo dum laranjal."
O comandante declara que são as suas próprias filhas e as oferece a ele se se salvar. O gajeiro entretanto, exige como recompensa a Nau Catarineta. O outro responde que lhe dá todas as 3 filhas, suas terras, todo o seu ouro e prata, menos a Nau, demonstrando que é uma parte de si mesmo, como se fosse sua alma. Então, o gajeiro exige sua alma para levar para o inferno. O Comandante diz que sua alma pertence a Deus, e atira-se ao mar. Três anjos o salvam.

3.ª parte: Os marujos consertam as velas e realizam outras tarefas normais de bordo, enquanto cantam melodias ligadas às suas vidas aventureiras, de almas errantes. Sobrevem uma tempestade e a Nau quase vai a pique, mas é salva pela arrojada tripulação. Trava-se uma discussão entre o capitão e o piloto, lutam, e o último ferido, desfalece. Pedem a prisão do responsável. Mas, quando o Capelão vem para ministrar os sacramentos grita que ele ainda vive.  A viagem continua e, afinal, a Nau Catarineta alcança seu destino. No desembarque, descobrem um contrabando dos guardas-marinhas que são presos e a mercadoria apreendida. Os marinheiros cantam alegres e felizes, com o fim da jornada, depois das peripécias, nas quais a vida parecia chegar ao fim.



Danças do Brasil / Felícitas. - Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint Ltda., sem/data
 
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