CAPOEIRA
Rugendas
Capoeira de Rugendas
(Fundação Raimundo ottoni de Castro Maia, Rio de Janeiro)

A história da capoeira passou por diversas fases e interpretações deste o seu aparecimento. Reprimida, chegou quase a desaparecer no começo do século XX e hoje, espalha-se pelo Brasil e o mundo com dezenas de revistas especializadas e sítios na internet.
Em uma destas interpretações a Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, CLXVI, de 1962, publicou, em um trabalho sobre folclore de Alceu Maynard Araújo: Escôrço do Folclore de uma Comunidade, no capítulo sobre o uso do lazer:

"Capueira. O excelente esporte de ataque e defesa, trazido pelos negros d'Angola e que bem poderia ser a luta típica brasileira, já está entrando em desuso. Raros são os conhecedores dessa luta camuflada em dança por causa das perseguições policiais que recebeu no passado. Numa casa, da Paciencia de Cima, estava num canto, um berimbau de barriga, um caxixi e um pandeiro rasgado. De uns tempos para cá, diz Antonio Grande: 'esses creoulo num qué mais vadiá na capuêra, o que quere é encostá barriga no barcão da budega e vivê caneado. No meu tempo não, ó xentes, vê lá si um perna-preta me botava a mão em cima. Minino, virava o Cão, mas ninguém me pegava não, uma chibata, um aú bem amergulado, um rabo de arráia, botava o mundo a corrê'. Foi sem dúvida com o abandono do cultivo desta luta típica dos negros fugidos, embrenhados nas matas, que os instrumentos da capueira ficaram abandonados também."

Martin Fiegl
Martin Fiegl
Salvador (BA) - Fotos de Martin Fiegl
Capoeira. Jogo atlético, constituído por um sistema de ataque e defesa, de caráter individual e origem folclórica genuinamente brasileira, surgido entre os escravos bantos procedentes de Angola no Brasil colônia (séc. XVI), e que, apesar de intensamente perseguido até as primeiras décadas so séc. XX, sobreviveu à repressão e hoje se amplia e se institucionaliza como prática desportiva regulamentada1.
Protasio Nene
Batizado no Pacaembu - Foto: Protasio Nene
Associação de Capoeira Pacífico - São Paulo
Grupo Axé Capoeira, no Canadá desde 1992
Foto: Guarani
A capoeira tornou-se tradicional sobretudo em Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE). Para a sua prática, com movimentos de mãos e principalmente de pernas, exige-se grande perícia. Antigamente exclusividade de grupos marginalizados, em 1972 foi reconhecida como esporte pelo Conselho Nacional de Desportos (CND). É difundida hoje em escolas e academias, freqüentadas por pessoas de qualquer idade e de ambos os sexos.
No Brasil existem cerca de 5 milhões de praticantes, distribuidos, principalmente, pelos Estados da Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro (só em São Paulo existem por volta de 2 mil escolas).
Tradicionalmente é jogada ao som de berimbau, ganzá, pandeiro e caxixi e, qual uma dança, obedece figuras (golpes) determinados. Os principais são: rasteira, rabo-de-arraia, meia-lua, chapa-de-ré, tesoura, aú e macaco (pulo de macaco). Rabo-de-arraia, o mais popular de todos, consiste em cair sobre as mãos e rodar o corpo ao encontro do adversário, derrubando-o violentamente ao solo com três variantes: o rabo de frente, o rabo com as pernas e o rabo com uma perna de lado.
A tradição carioca e baiana guarda nomes lendários de capoeiras (hoje chamados capoeiristas) invencíveis2.
 
 
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1. Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa Folha / Aurélio - Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e J.E.M.M. Editores, Ltda. - 1988
2. Grande Enciclopédia Larousse Cultural - São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda, 1988.
Fotos de Martin Fiegl: publicadas em Salvador da Bahia - Rio de Janeiro: Alpina, s/d
Foto de Protasio Nene: publicada na revista Mundo Capoeira  n.º 01- São Paulo: Cia. das Artes Editora Ltda, maio de 1999.
Foto de Guarani: publicada na revista Ginga Capoeira Ano 2 n.º 12 - São Paulo: Editora Escala.