A Favela
A favela é um fenômeno da cidade grande.
A falta de investimento, por parte do governo, em infra-estrutura nas cidades do interior, por exemplo, é um dos motivos dos moradores se mudarem para as cidades grandes em busca de educação (escolas), trabalho, ou mesmo lazer.
Outro motivo é os grandes proprietários de terra que, mecanizando os meios de produção na lavoura e pecuária, deixam milhares de famílias sem emprego e elas acabam deixando o campo para tentar a vida nas cidades grandes. Este foi um dos motivos que criou o Movimento dos Sem Terra, quando, na Região Sul, milhares de famílias, sem terra para plantar e sobreviver, migraram para outras regiões, se organizaram em torno de um mesmo objetivo e passaram a exigir um pedaço de terra do governo por que não queriam viver como favelados à margem da cidade grande.
Além disso, tem o problema da seca no Nordeste que, quando prolongada, expulsa milhares de pessoas para o sul, são os retirantes.
Finalmente, a própria cidade grande cria seus próprios favelados quando os prefeitos não conseguem administrar bem a cidade e o governo não cria condições favoráveis aos pequenos fabricantes, que são os que mais dão emprego.

Esta multidão de excluídos da sociedade urbana e rural, quando chega a cidade, procura ocupar os espaços que encontra vazios. E, por outro lado, a cidade grande não tem condições para receber tanta gente.
Qualquer lugar serve para a construção do barraco: encostas de morro, terrenos baldios, alagados, embaixo dos viadutos e pontes, margens de riachos.
Os barracos já nascem velhos. São feitos com sobras de qualquer material. Tudo serve para a construção: zinco, latas, papelão, tábuas e caixotes.

As favelas cariocas são tradicionais. Algumas têm mais de cem anos.
O barracão ficou famoso na música popular com Orestes Barbosa e o “Chão de Estrelas”.

A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão...


Ou com “Barracão” de Luís Antônio e Oldemar Magalhães:

“Barracão de zinco,
tradição do meu país.
Barracão de zinco,
Pobretão, infeliz.”
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Brasil, Histórias, Costumes e Lendas / Alceu Maynard Araújo - São Paulo: Editora Três, 2000
Ilustrações de José Lanzellotti escaneadas do livro: Brasil, Histórias, Costumes e Lendas.