A Farinha de Mandioca


A raiz da mandioca brava é arrancada e levada e levada da roça à Casa da Farinha em samburás (cestos feitos de cipó ou taquara).
Começa então o trabalho feminino de raspar a mandioca, tirar aquela espécie de casca cor de terra. Depois de raspada a mandioca é entregue à raladeira. Os homens movem o ralador e a mulher vai enfiando a mandioca cautelosamente no caititu.

A mandioca ralada vai caindo no cocho. Depois é imprensada no tipiti (cesto ou paneiro), para retirar um líquido venenoso chamado manipuera (ácido cianínidrico).
Existem diversas prensas, as roscas de sem fim (as de arataca, as de arrochador) que comprimem o tipiti, tirando o líquido.
O líquido decantado dá a goma do polvilho e o polvilho é usado também na alimentação (biscoitos, sequilhos de polvilho...)
Os blocos de massa de mandioca retirados da prensa são desfeitos e passados numa urupemba (peneira), deixando a massa pronta para ir ao forno. Algumas pessoas preferem deixar a massa "dormir" antes de ir para o forno, para ficar mais saborosa. Outras torram-na no mesmo dia e está pronta a farinha de mandioca.
 

A farinha de mandioca é usada como alimentação básica de muitos nordestinos.
Muitos pratos brasileiros também ficam mais saborosos com a farinha.
A farofa feita com manteiga (farofa de manteiga) e a farofa com azeite de dendê (farofa amarela) estão presentes em muitas mesas brasileiras.

Quando se fala em Pernambuco logo se pensa em canaviais e engenhos. Entretanto, muitos se esquecem da Casa da farinha.
A Casa da Farinha ajudou a fixar o homem à terra, transformando a mandioca num importante alimento.
Foi com o índio que o português aprendeu a usar a mandioca. Os índios faziam bijus de mandioca (espécie de bolo), que ainda são muito apreciados no Nordeste.
Os portugueses aproveitaram os elementos da maquinaria da uva ou da azeitona criando a Casa da Farinha.
Na Casa da Farinha os trabalhadores se reúnem após a colheita de mandioca, para o preparo da farinha - é a farinhada. Para a farinhada há uma espécie de mutirão, do qual participam as pessoas da família, os compadres, os vizinhos.
A Casa da Farinha normalmente é alugada. Tal processo lembra o tipo medieval de moinho senhorial. O fazendeiro recebe um pagamento proporcional ao que foi produzido. 

Volta para o Modo de Vida
Volta ao Topo

Brasil, Histórias, Costumes e Lendas / Alceu Maynard Araújo - São Paulo: Editora Três, 2000
Ilustrações de José Lanzellotti escaneadas do livro: Brasil, Histórias, Costumes e Lendas.