Corpus Christi


Tapete para receber a procissão de Corpus Christi na cidade de Ouro Fino - MG *

Festa do Santíssimo Sacramento, instituída em 1264 por Urbano IV para honrar a presença real de Cristo na eucaristia. (Seu caráter popular desenvolveu-se em função da procissão que sucedia à missa.)1

No dia dedicado ao Corpo de Deus (Corpus Christi), várias cidades brasileiras, principalmente no interior de São Paulo, organizam procissões, que percorrem as ruas centrais enfeitadas com tapetes, feitos de areia ou serragem colorida, formando desenhos.2

A mais pomposa, concorrida e rica das procissões católicas em Portugal e que manteve a tradição no Brasil. O maior número possível de devotos acompanhava o pálio sob o qual ia a Santa Hóstia, Corpo de Deus, numa custódia de ouro, erguida nas mãos da primeira autoridade sacerdotal. Não havia desculpas para uma ausência nem se queria faltar. Valia como demonstração de fé, exibição de prestígio sagrado, popularidade obstinada através de séculos.
Em Portugal datam do séc. XIII (Teófilo Braga) com o máximo de esplendor de tropas, fidalgos, cavaleiros, andores, danças, cantos. Todas as corporações eram obrigadas a uma representação e esta consistia num grupo que dançava, simbolizando povos vencidos ou gente bíblica. Depois que D. João I consagrou o Reino a São Jorge (porque Sant’Iago ficara padroeiro de Espanha) a imagem seguia a procissão, montada num cavalo, rodeada de oficiais em grande gala, o chamado Estado de São Jorge. Bichos mansos e ferozes, dragões, torres, serpentes, a Coca, o farricoco, mil figuras de interpretação difícil desfilavam por Lisboa, Porto, Guimarães, espalhando assombros.
No Brasil, numa carta de 9 de agosto de 1549, o Padre Manuel da Nóbrega, da Bahia, informava: “Outra procissão se fez dia de Corpus Christi, mui solene, em que jogou toda a artilharia, que estava na cerca, as ruas muito enramadas, houve danças e invenções à maneira de Portugal”. (Cartas do Brasil, 86, Rio de Janeiro, 1931).
Essa procissão deixava impressão de espanto nos estrangeiros e o povo a considerava mais de efeito aristocrático que de sua predileção, atendendo o motivo espiritual que se consagrava. Constitui tema de melhor pesquisa folclórica e etnográfica pela multidão de assuntos convergentes, associados à representação religiosa
João Ribeiro lembrou uma tradição bem velha: “Uma superstição popular ainda subsiste sobre o encontro formidável de João e Cristo. É a de que se Corpus Christi, festa móvel, cair no dia de São João, o mundo acabará. E acabará pelo fogo.” O Folk-Lore, 307, Rio de Janeiro, 1919. No ano de 1943 Corpus Christi coincidiu com o São João. 
Quarenta dias depois do Domingo da Ressurreição (Páscoa) é a Quinta-Feira da Ascensão (Dia da Hora). Dez dias depois é o domingo de Pentecostes, Dia do Divino Espírito Santo. O domingo imediato é o da Santíssima Trindade e na primeira quinta-feira é o Corpus Christi, Corpo de Deus.3

(ver Regiões /... / Ritos Religiosos)

1. Grande Enciclopédia Larousse Cultural - São Paulo: Editora Nova Culturral Ltda, 1988.
2. Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale - Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
3. Sociedade e Cultura – Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1995.
(*) Foto de Dorival Junior, gentilmente cedida pelo jornal "Ouro Fino & Cia", de 03 de junho de 1999.
 
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