Origens da Alimentação Brasileira
A alimentação popular brasileira revela uma aculturação indígena, portuguesa com traços mouriscos, africana banto e Yoruba de características islâmicas, assim como diversas influências européias, asiáticas e estadunidenses.
O Jantar de J. B. Debret

Nos primeiros tempos da colonização brasileira, Hans Staden mencionava a farinha de mandioca, peixe e carne preparados com pimenta vermelha, o mel silvestre e uma bebida extraída do aipim, e Jean de Lery referia-se ao uso do milho para fazer farinha, da pimenta pilada no sal obtido da água do mar e das pavocas, bananas da terra.
Outros cronistas documentaram o uso do amendoim, castanha de caju, milho assado com carne, feijão de todos os tipos, cará, rãs, caranguejos, do marisco sururu e das marmeladas de banana.

Nos séculos XVII e XVIII os menus já eram mais elaborados, sendo registrados pelos viajantes e historiadores o uso da carne de baleia, batata cozida, bolos de mandioca com açúcar e manteiga, pipoca, beijus e bebidas à base de frutas, como laranja, limão, jenipapo, marmelo, sendo que Antonil já fazia considerações sobre as engenhocas de cachaça.

Em meados do século XVIII a população dobrou.
A criação de gado no norte vai indo tão bem que o cearense espalha gado pelo Brasil inteiro, instalando em Pelotas as primeiras charqueadas gaúchas. Começa a época do café e do cacau, planta-se trigo, a vinha, a oliveira. Mas Dona Maria I baixa um alvará, em 1785: “O Brasil é o país mais fértil e abundante do mundo, em frutos e produção da terra. Os seus habitantes têm, por meio da cultura, não só tudo quanto lhes é necessário para o sustento da vida, mas ainda muitos artigos importantíssimos para fazerem, como fazem, um excelente comércio e navegação. Ora, se a essas incontáveis vantagens reunirem as da indústria e das artes para o vestuário, luxo e outras comodidades, ficarão os mesmos habitantes totalmente independentes da Metrópole”.
Resultado: destruíram-se as pequenas fábricas de tecidos e os impostos foram enormemente elevados, a tal ponto que o Estado arrecadava a quarta parte da produção.
Com a vinda de Dom João e a invasão da Guiana Francesa, chegam o abacate, a noz-moscada, a fruta-pão, o cravo-da-índia, a manga (vinda da Índia) e o chuchu (da América Central).
Na hora de partida, de volta para Portugal, Dom João VI chorou de emoção, deixando um polpuda pensão para a preta cozinheira que lhe preparava os frangos assados.

O africano contribuiu com a difusão do inhame, da cana de açúcar e do dendezeiro, do qual se faz o azeite-de-dendê. O leite de coco, de origem polinésia, foi trazido pelos negros, assim como a pimenta malagueta e a galinha de Angola.

Dos portugueses recebemos o gosto pelas carnes de carneiro, porco, cabrito, além da galinha, dos ovos, peixes e mariscos.
Os temperos de origem européia são: alho, cebola, cominho, cheiros verdes e especialmente a vinha-d’alho.  Devemo-lhes ainda os recheados, conservas salgadas, açúcar, caldos, o hábito de beber café, a partir do século XVIII. A doçaria lusitana nos trouxe os alfenins e alféloas (puxa-puxa), fios d’ovos e o mel, que teve muita importância na elaboração das sobremesas brasileiras.

De outros países estrangeiros temos a salada (França); as massas: macarrão, nhoque, ravioli, lasanha, pizza (Itália); salsichas, chucrute (Alemanha); esfiha, quibe, iogurte, espetinho de carne (Arábia); cachorro-quente, hamburgers e sanduíches (América do Norte), etc.
 
 
 

Volta ao topo



Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale - Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
A Cozinha Brasileira - São Paulo: Circulo do Livro S.A. (Edição integral Revista Cláudia - Editora Abril Ltda), sem data.
 
Voltar seguir