Terra Brasileira
.Tipos de Fumo
Fumo de cigarro

Altas tecnologias e especialização foram desenvolvidas para a fabricação de cigarros, um produto que responde com mais de 25% do IPI (imposto recolhido pela União).
As folhas de fumo são curadas segundo dois processos principais:
- Fumo amarelo de estufa: A cura pelo calor artificial determina a cor amarela, típica de elevado teor de açúcares, e aroma e sabor característicos. O produtor executa a cura em estufa por três ou quatro; classifica as folhas pela cor e integridade e, depois, com a manocagem (reunião de 12 a 15 folhas em feixes atados), entrega aos armazéns. A esterilização deixa o fumo em condições de ser enfardado e armazenado.
- Fumo de galpão: As folhas são curadas ao ar, isto é, sob condições naturais, adquirindo características que contribuem para a diversificação das composições.
 

Fumo de charuto

Dependendo essencialmente de solos e climas especiais, a cultura de fumo para charutos em raras regiões alcança a fama internacional dos fumos de Cuba, Bahia e Sumatra. São requeridos métodos de cultura e de cura específicos e tratamento final de fermentação das folhas curadas. Há especializações: fumo de capa, de subcapa e de enchimento.

Fumo de cachimbo

Composto de misturas de fumos especialmente preparados para o consumidor exigente, é fornecido desfiado em bolsa e pode ser artificialmente aromatizado com baunilha, cumaru (leguminosa muito perfumada, rica em cumarina), chocolate, extratos de frutas e outros compostos olorosos, segundo fórmulas secretas.

Fumo de corda ou fumo de rolo

É comercializado em longas cordas, comumente de cor negra, pela riqueza de nicotina, que pesam em média de 3 a 5kg enroladas em um pau. As variedades cultivadas pertencem ao grupo crioulo, como goiano, azulão, Jorginho, além de muitas outras, com nomes regionais. As folhas, grandes, encorpadas e ricas em viscosidade, são colhidas quando atingem plena maturação e dependuradas em galpões ou ranchos por 15 dias, para a murcha acentuada, sendo então destaladas (separação das nervuras centrais) para formar a corda. O enrolamento exige de quatro a oito folhas, conforme a grossura desejada; o movimento de torsão é dado por duas pessoas. À medida que se forma, a corda é enrolada em um sarilho.
Durante um mês, o fumo é curado ao sol, passando de um sarilho para outro, enquanto se torce a corda, para escoar a água e as substâncias gomosas que formam o “mel”, e reduzir o diâmetro. Dependendo da grossura final (associação torcida de três ou mais cordas finas), o processo termina entre 60 e 90 dias.
 

Regiões produtoras

O Brasil, em 1986, produziu 387.357t de fumo (folhas secas). Existem no país três regiões distintas, que há muitas décadas iniciaram a diversificação nos fumos cultivados. Assim, os Estados do Sul são os grandes produtores nacionais de fumo para cigarros, com 81,7% da produção do país (Rio Grande do Sul, com 129.966t; Santa Catarina, com 156.953t; Paraná, com 29.522t).
O Nordeste dedica-se sobretudo à produção de fumos escuros, para charutos, contribuindo com 16,5% do total nacional (os principais Estados são Alagoas, com 43.837t e Bahia, com 14.147t). Os demais Estados (em particular Minas Gerais, com 3.822t; São Paulo, com 490t; e Goiás, com 284t) produzem fumo de corda, correspondendo a 1,8%. Essas regiões colocam o Brasil entre os quatro primeiros produtores mundiais de fumos, após a China, os EUA e a Índia.
 

Tabagismo

Uso abusivo do tabaco; intoxicação provocada por esse uso.
Os efeitos fisiológicos do tabaco devem-se em grande parte à nicotina. A intoxicação crônica pelo tabaco é provocado pelo efeito combinado do monóxido de carbono, de produtos irritantes (acroleína), de aminas com efeito farmacológico (nicotina), de alcatrões que contêm produtos cancerígenos. O tabagismo é a principal causa dos cânceres de pulmão e contribui para a aparição de cânceres da hipofaringe. Existe ainda uma relação entre o tabaco e os cânceres da bexiga, já que as substâncias cancerígenas contidas no fumo são eliminadas pela urina. A freqüência das doenças arteriais (coronarites, arterites dos membros inferiores) é duas vezes maior nos fumantes do que nos não fumantes.

O Tabaco
Vendedor de fumo
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
Ilustração: Negra fumando cachimbo com criança - Viagem ao Brasil do Príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied de 1815 a 1817.