Línguas Brasileiras
Nheengatu
Anchieta
 
O Nheengatu, também conhecido como "língua geral", foi desenvolvido pelos jesuítas nos séculos 16 e17, com base no vocabulário e na pronuncia tupi, que era a língua das tribos da costa, tendo como referencia a gramática da língua portuguesa, enriquecida com palavras portuguesas e espanholas. A língua geral foi usada correntemente pelos brasileiros de origem ibérica, como língua de conversação cotidiana, até o século 18, quando foi proibida pelo rei de Portugal.

A língua nheengatu se desenvolve numa época em que o Brasil, sendo colônia de Portugal, era-o da Espanha, em virtude da unificação das coroas desses dois países, de 1580 a 1640. Sobre o nheengatu, o padre Anchieta escreveu uma gramática e deixou várias orações e textos traduzidos. Do século XVII, há o dicionário de Pero de Castilho.

Há algum tempo a Câmara de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, bem na fronteira, aprovou lei que reconhece o nheengatu como língua oficial, junto com o português (e o espanhol), pois sua população fala as três línguas.

Extraído do texto de José de Souza Martins, 64, professor titular do Departamento de Sociologia da USP.

Eduardo de Almeida Navarro, professor da Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo, esclarece que o termo tupi, embora popular, não é estritamente correto. O idioma que ele ensina, falado nos dois primeiros séculos de colonização do Brasil, é, na realidade, conhecido pelos especialistas como língua brasílica, da qual o tupi era um de seus dialetos. Já no século 16, a língua brasílica começou a ser aprendida pelos portugueses que, de início, eram minoria entre os índios, numa proporção de 10 para 1. “Como grande parte dos colonos vinham para o Brasil sem mulheres, os portugueses passaram a viver com mulheres indígenas”, explica o professor. “Assim, a língua brasílica passou a ser a língua materna de seus filhos, especialmente nas áreas mais afastadas do centro administrativo da Colônia, que era a Bahia. Era língua comum entre os portugueses, descendentes, e também seus escravos, inclusive os africanos.” Mas é claro que a influência da cultura européia e africana seria logo sentida pela língua indígena. De fato, a partir da segunda metade do século 17, a língua brasílica sofreu várias modificações, passando a ser chamada de língua geral, que foi falada até 1758. Considera-se este ano como o da morte do tupi no Brasil. Foi quando o Marquês de Pombal, em nome do rei Dom José I, proibiu o ensino e o uso do tupi em todo o território nacional, instituindo o português como única língua do Brasil.

A proibição da língua brasileira - José de Souza Martins, professor titular do Departamento de Sociologia da USP.

Nheengatu e dialeto caipira  - José de Souza Martins, professor titular do Departamento de Sociologia da USP.

O Tupi que o Brasil fala hoje - Eduardo de Almeida Navarro, professor da Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo (USP).
 


 
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