Jogos Infantis: A Pipa
    Brinquedos do Folclore Brasileiro 
 
Introduzida no Maranhão pelos portugueses no século XVI, a pipa parece ter procedência oriental. Originárias de longínquos tempos, foram estratégias militares e, com o passar dos séculos, transformaram-se em brinquedos infantis.
A enciclopédia chinesa “Khé-Tchi-King-Youen” (Livro IX, f.8), relata como a tradição atribui a invenção da pipa ao célebre general chinês Hau-sin, que viveu no século 206 aC. Este General, conforme Tchin-i, entrou no centro da cidade e a conquistou, fazendo um túnel, após ter calculado, por meio de uma pipa, a distância entre o campo onde estava
e o palácio Wai-Yang.  Ainda conta a tradição chinesa que o uso da
pipa, em estratégia militar, provém da época do imperador Wou-ti, da dinastia dos Liang, no ano 459 J.C., quando ela servia para comunicar aos aliados a posição e o pedido de ajuda (D’Allemagne, p. 12 e 13).
José Lanzellotti
Outro renomado especialista em jogos tradicionais, Yrjo Him, em seu magnífico livro “Les Jeux d’Enfants” (apud Lima, s.d. p. 278), diz que até prova em contrário o Extremo Oriente é e continua a ser a pátria clássica dos papagaios de papel, pois conhecem-se papagaios nas Índias Orientais, Aunam, Tomkim, Ilhas Malásias, Nova Zelândia, Japão, China e Coréia. Segundo outras informações, também podem ser vistas no Sião, na Melanésia e na Polinésia. O autor comenta que, na Coréia, há quatrocentos anos atrás, as lendas coreanas falam do episódio no qual o Japão, fez erguer no espaço um papagaio, dotado de uma lanterna, dando a impressão de uma estrela que surgia.
Por aqui se vê que os papagaios de papel são antiqüíssimos no Oriente e usados primitivamente, pelos adultos, com fins práticos e, com o passar dos séculos, transformaram-se em brinquedos infantis. Ainda hoje, na Ásia, ao contrário da Europa, os homens de meia idade divertem-se com papagaios de papel como se verifica na Coréia, China e Japão.

Abril Imagens / Ricardo Chaves
Pipas no Aterro do Flamengo (Rio de Janeiro, RJ)

Arraia: Brinquedo feito com uma cruzeta de cana ou madeira leve, coberta de papel de cor.
Dirigem-na com três cordéis presos, eqüidistantemente, aos três lados da armação. Na parte inferior pende uma cauda comprida, de pano (ou papel). Dirigida contra o vento, para empinar, a arraia sobe alto, quanto possa o cordão soltar-se e combate com outras arraias, obedecendo a um código convencional. A extremidade da cauda era, nas arraias de combate, armada de rucega, caco de vidro ou fragmento de lâmina de navalha, para cortar o fio da inimiga. O nome provém da semelhança com os peixes batóides, com a cauda longa e fina. As arraias podem ser retangulares, losangulares, paralelogrâmicas, com forma de aves, estrelas, triângulos, etc. Chamam-lhes também corujas, mas o nome mais popular é papagaio.

Esse jogo, conhecido entre portugueses como estrela, raia, arraia, papagaio, bacalhau, gaivota, e no Brasil, como papagaio, curica, pipa, cafifa, pandorga, arraia, quadrado, e raia, demonstra a influência original de Portugal com denominações semelhantes: papagaio, arraia e raia.
 

Volta aos Jogos Infantis
Volta ao Topo Vai para a Peteca



Jogos Infantis / Tizuko Morchida Kishimoto – Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.
Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data.
Ilustração, de José  Lanzellotti, publicada em BRASIL, histórias, costumes e lendas - Alceu Maynard Araújo.  São Paulo: Editora Três Ltda., s/data.
Pipas: foto de Ricardo Chaves, publicada na Grande Enciclopédia Larousse Cultural - São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda, 1988.
Gif animado da Animation Factory (ver conexões)
Terra Brasileira