Benzedores


 
Curandeiro
È uma espécie de oficial sagrado que penetra no mundo do sobrenatural. Abaixo dele está o benzedor. O curandeiro também benze porque foi um estágio pelo qual passou. Com o tempo, com o lidar com os males físicos que afligem ao homem, consegue entrar em contato com forças superiores. A sua atuação se reveste de gestos, às vezes de trajes especiais, de orações e o uso de implementos religiosos como sejam: “cálice, garrafas cheia de certo líquido com vegetais em infusão ou cobra mergulhada em álcool, velas acesas, toalha no pescoço, à guisa de paramento”.
 

Benzedor
O papel de benzedor é muito mais restrito do que o do curandeiro. Sua “profissão” não passa de rezar sobre a cabeça do doente. Não receita remédios, apenas benze. Os gestos que pratica são todos idênticos ao da religião dominante: reza fazendo o sinal da cruz.
Não é preciso que o doente vá até sua casa para que ele o benza; executa sua benzedura na própria casa do enfermo ou em suas peças de roupa. Suas rezas, na maioria das vezes, deturpações das orações oficializadas pela Igreja, entremeadas de palavras incompreensíveis, resmungadas, do latim o mais estropiado que possa ser concebido.
As benzedeiras costumam rezar mais sobre crianças. Os benzedores tanto benzem crianças como adultos de ambos os sexos. Benzedor e benzedeira são os maiores ensinadores de simpatias.
 


 
Volta para a Religiosidade
Volta ao Topo
 
Alceu Maynard de Araújo, Escorço do Folclore de uma Comunidade, in Revista do Arquivo Municipal CLXVII, São Paulo, 1962.