Americana
 
Ernest Pyles, descendente
de estadunidenses, 
e sua casa em estilo
do sul dos Estados Unidos,
em Americana - SP
 

Foto: Roberto Faustino

A história da fundação de Americana (140 km a noroeste de São Paulo) está ligada à imigração de estadunidense. Um grupo de aproximadamente 3.500 sulistas confederados chegou ao município de Santa Bárbara D’Oeste (150 km a noroeste de São Paulo), em 1866, para plantar algodão.
Hoje restam poucas famílias de estadunidenses na região mas alguns indícios dessa influência podem ser encontrados nos nomes de ruas, escolas, bairros, no brasão de Americana – que tem como fundo a bandeira confederada estadunidense – e na praça dos Americanos, onde um monumento lista os nomes das famílias imigrantes.
Santa Bárbara não foi o primeiro destino dos imigrantes estadunidenses. O grupo que veio para o Estado de São Paulo (na mesma época outros grupos foram para o Espírito Santo, Rio de Janeiro e Pará), dirigiu-se inicialmente para Iguape.
Como o terreno lá não era bom para o algodão, alguns anos depois eles se mudaram para Santa Bárbara, mas a estação foi construída a 6 km da cidade. Ao redor da estação surgiu um núcleo de casas e lojas que foi batizado de Vila Americana.
Judith Mac Knight Jones, descendente de um dos pioneiros e autora do livro “Soldado Descansa”, sobre a história da imigração estadunidense na região, conta que os imigrantes eram técnicos (dentistas, médicos, professores) que tinham fazendas nos Estados do Sul (Alabama, Geórgia, Flórida, Texas) e perderam tudo depois da guerra civil. Eles trouxeram novas técnicas de plantio e ferramentas como o arado.
Uma das marcas conhecidas pela imigração na região foi a criação da maçonaria e das igrejas protestantes e não tiveram permissão para enterrar seus mortos nos cemitérios católicos, o que levou à organização de um cemitério próprio na fazenda Oliver.
Esse cemitério existe até hoje no bairro Campo, em Santa Bárbara. Ele é particular, tem cerca de 400 túmulos e um monumento com a bandeira da Confederação sulista e os nomes das famílias que se estabeleceram na região. Esse cemitério é um dos pontos mais visitados pelos turistas interessados em descobrir traços da imigração na região. Em 1972, o Cemitério dos Americanos foi visitado pelo então governador da Geórgia, Jimmy Carter, que anos depois foi presidente dos Estados Unidos.
Durante a pesquisa para o livro, Mac Knight Jones encontrou algumas histórias interessantes sobre os imigrantes. Uma delas refere-se à introdução da cultura de melancias.
Depois do algodão, os estadunidenses decidiram plantar melancia, uma fruta então pouco conhecida no Brasil. A safra coincidiu com um surto de febre amarela, em 1890, e o governo proibiu a venda da fruta por achar que era causadora da doença.
Aos poucos, o grupo de imigrantes começou a se dispersar. Segundo Mac Knight Jones, os jovens da segunda geração foram para os grandes centros em busca de escolas e, com o tempo, as fazendas foram se desfazendo. Atualmente o contato entre as famílias é feito através da sociedade Fraternidade da Descendência Americana, que administra o cemitério, promove reuniões e edita um boletim trimestral.
A cada três meses a Fraternidade organiza um encontro entre as cerca de 150 famílias associadas. Nesses encontros os descendentes assistem a um culto e depois participam de um lanche, como faziam as primeiras famílias dos imigrantes. Naquela época, para evitar o trabalho de voltar para casa para o almoço as famílias costumavam levar seus lanches quando iam à igreja e depois do culto repartiam a comida.
Um painel da história da imigração estadunidense pode ser vista no museu da imigração (rua D. Margarida, 882, centro de Santa Bárbara), inaugurado em 1986. Estão em exposição no museu cerca de quatro mil peças, entre móveis, objetos e roupas, que foram emprestados ao município pela Fraternidade.



Americana guarda traços do Sul dos EUA in Brasil Estrangeiro – Folha de S. Paulo, 8 de junho de 1989.
Foto escaneada do jornal citado.

Histórico:
Povoado de Santo Antônio de Vila Americana, no Município de Campinas 
Distrito: Lei 916 de 30-7-1904, com o nome de Vila Americana.
Município: Lei 1983 de 12-11-1924. Instalado a 15-1-1925. 
                    Decreto 9775 de 30-11-1938, deu-lhe a denominação de Americana.

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